1 de set. de 2020
23 de ago. de 2018
BARRY - PRIMEIRA TEMPORADA (CRÍTICA)
Várias comédias já passaram pela TV. Algumas cumprem seus papéis com tanto êxito que duram bastante tempo e se tornam ícones de décadas e gerações, como é o caso de Seinfeld e Friends, e outras acabam esquecidas ou mesmo canceladas. Atualmente, vemos séries de comédia incríveis e com uma linguagem totalmente moderna discutindo temas atuais, como a maravilhosa “Brooklyn Nine Nine” ou mesmo “Atlanta”, que utiliza seu humor para tratar de assuntos de determinado peso social.
Barry se trata de uma série comédia, sim. Mas nada a impede
de pesar bastante na profundidade e drama, principalmente do personagem título.
Trata-se de um homem que não teve muitas escolhas em sua vida e acabou tornando-se
um assassino de aluguel por falta de opções e por muita insistência de um amigo
da família. Durante um serviço realizado para a máfia chechena, Barry se depara
com aquilo que ele julga ser seu verdadeiro propósito. Tornar-se um ator de
teatro!
A HBO traz aqui mais um acerto em oito episódios de trinta minutos cada, e muito desse acerto se dá por um único nome: Bill Hader.
Conhecido de qualquer um que já tenha assistido ao “Saturday Night Live” ou ao filme “Superbad”, de Evan Goldberg e Seth Rogen, Bill Hader aparece aqui como Showrunner, produtor, diretor e ator principal, e é possível ver muitos traços de sua comédia em sátiras feitas a Hollywood e piadas periféricas inteligentes.
A série conta com uma comédia menos escrachada do que de qualquer sit-com que vemos por aí, não apostando em situações completamente inusitadas, mas sim em piadas brilhantemente encaixadas no roteiro, atores e personagens carismáticos e um timing de comédia muito bem fluido. Barry utiliza uma fórmula de programas excelentes como “Monty Python”, mas com uma pequena subversão que faz toda a diferença. Enquanto a série britânica produzia esquetes onde víamos um sujeito comum adentrando um ambiente onde todos eram completamente malucos, aqui vemos um estranho, adentrando um ambiente também estranho.
O roteiro é a chave para a dinâmica da temporada, acertando
em cheio em seus momentos cômicos e dramáticos e criando pontes entre pequenos
detalhes que vemos no início da série e a importância deles para o
desenvolvimento narrativo.
O elenco é um show à parte, começando com o retorno de Henry
Winkler às telinhas no papel de Gene Cousineau, o egocêntrico professor de
teatro de Barry que é responsável por muitos diálogos engraçados. Sarah
Goldberg carrega parte do peso dramático da série, sem perder carisma e o viés
cômico de sua personagem. Anthony Carrigan tem a maior liberdade para fazer
caras e bocas com seu excêntrico NoHo Hank. E por fim, Bill Hader nos entrega
uma performance que equilibra perfeitamente uma comédia mais contida com explosões
emocionais dramáticas. Como fã de Stephen King, não vejo escolha melhor para
interpretar Richie Tozier na continuação de It (2017).
Barry foi uma grata surpresa que nos demonstra o quanto a HBO acerta em seus projetos, com um elenco carismático, uma comédia afiada e um bom equilíbrio dramático, a série nos mostra que mereceu suas indicações ao Emmy 2018. Podem assistir, diversão garantida.
Diga-se de passagem, o final da temporada é incrível!
Por: Rennan Gardini
12 de ago. de 2018
TOP 10 - SÉRIES DA HBO
De tempos em tempos, a televisão prova que algumas de suas
produções podem superar muito do que é feito no cinema. Uma emissora que se
destaca muito das outras quanto à qualidade de seu conteúdo é a HBO, com suas
produções adultas de episódios longos, recheados com violência, sexo e
abordando temas pesados.
Enquanto esperamos a última temporada de Game of Thrones, nós
do Viagens Literárias resolvemos separar uma lista de excelentes produções para
conhecer o conteúdo fantástico da HBO neste Top 10:
10 – The Night Of (2017): Após uma noite de farra regada a
drogas e sexo, Nasir (Riz Ahmed) é acusado de assassinar Andrea (Sofia Black
D’Elia) e tem como seu defensor um advogado de porta-de-cadeia chamado Jack
Stone (John Turturro).
Por se tratar de uma minissérie, esta adaptação do seriado
britânico Criminal Minds se mostrou um suspense bem imersivo, perfeito para ser
acompanhado regularmente, apesar de sua curta duração.
9 – Curb Your Enthusiasm (2000): Esta comédia foi feita
especialmente para os órfãos de Seinfeld. Trata-se de uma visão pouco realista
da vida de Larry David (interpretando ele mesmo) vivendo dos frutos do sucesso
de Seinfeld, série da qual ele foi co-criador.
Com seu humor extremamente inteligente que eleva situações sociais
e cotidianas ao extremo do absurdo, Larry David entrega um verdadeiro presente
aos fãs de Seinfeld e ao público em geral.
PS: NÃO É NECESSÁRIO TER ASSISTIDO SEINFELD PARA VER CURB
YOUR ENTHUSIASM, APESAR DISSO, RECOMENDAMOS MUITO QUE ASSISTAM, AFINAL SEINFELD
TAMBÉM É EXCELENTE.
8 – Six Feet Under (2001 – 2005): Tratando de assuntos como
assassinato, homossexualidade, infidelidade e religião, Six Feet Under foi um
premiado seriado que mesclava drama com a comédia de humor negro que se fez
presente na televisão durante cinco temporadas.
A série conta a história de uma família que é dona de uma
funerária. Após o filho mais novo retornar para a cidade, o mesmo acaba se
envolvendo com os negócios da família.
7 – Boardwalk Empire (2010 – 2014): Atlantic City, 1920.
Acompanhamos Enoch “Nucky” Thompson, um tesoureiro que entra no mundo do crime
associando-se aos mafiosos e ao tráfico de bebidas alcoólicas durante a Lei
Seca.
Com grandes nomes como Steve Buscemi no elenco e Martin
Scorsese na produção e direção, Boardwalk Empire é um prato cheio para os fãs
de histórias de crimes e amantes de dramas profundos no geral.
6 – Roma (2005 – 2007): A série é uma superprodução da HBO que
acompanha grandes acontecimentos do mundo antigo, mais especificamente, parte
da história de Roma. Com duas temporadas que acompanham respectivamente Júlio
César e Otaviano sob os olhos dos soldados Lucius Vorenus e Titus Pullo.
5 – Band of Brothers (2001): A Segunda Guerra Mundial já foi
cenário de grandes produções, seja em filmes, livros, séries, quadrinhos ou
qualquer outra mídia. Uma dessas produções foi a minissérie de 10 episódios
Band of Brothers.
A trama conta a história real da brigada de paraquedistas
Easy Company, que saltou na Normandia durante o caos do Dia D. A ideia da série,
além de mostrar uma visão sociopolítica geral e o próprio conflito mundial, é
abordar toda a pressão psicológica que a guerra deposita nos homens que lutam
nos frontes de batalha. Junto de O Resgate do Soldado Ryan, Band of Brothers é
a melhor produção audiovisual voltada à segunda guerra mundial, e é referência
no assunto até hoje.
4 – Oz (1997 – 2003): Foi a primeira séria da HBO a apostar
em um conteúdo mais adulto em episódios com duração de quase uma hora, e por
isso é considerada uma das mais pesadas.
A trama acompanha o cotidiano dos detentos de uma prisão de
segurança máxima chamada Oswald Penitentiary, conhecida popularmente como Oz, e
toda violência ao qual estão sujeitos. Estupros, assassinatos, gangues e
rebeliões fazem parte do dia-dia desses homens, e a direção acerta em
demonstrar uma visão crua de toda essa violência. A série ainda utiliza do
encarceramento para tratar de temas delicados, como homossexualidade, drogas e
racismo.
O elenco é cheio de talentos, mas o destaque fica para J K
Simmons com seu inesquecível Vernon Schillinger, o perverso líder da Irmandade
Ariana, uma das gangues mais violentas de Oz, que sujeita os outros presos a
humilhações morais e físicas. Tudo que os dramas de hoje são, devem a esse
show, que abriu várias portas para produções mais sérias.
3 – Westworld (2016 - ): Mais uma superprodução da HBO. Gira
em torno do parque Westworld, ambientado no velho-oeste e tendo robôs como
anfitriões. Até que um dia, os anfitriões começam a tomar consciência e se
tornarem mais perigosos do que aparentavam.
Além de Anthony Hopkins e Ed Harris dando um verdadeiro show
de interpretação, a série conta com Jonathan Nolan como Showrunner, ajudando a
criar uma trama complexa e extremamente filosófica.
2 – True Detective (2014 - ): Assassinatos, filosofia, violência e uma grande dose de existencialismo. True Detective é uma série antológica que conta com um grande elenco a cada temporada. Inclusive, a terceira temporada tá vindo aí.
Para conhecer mais dessa série maravilhosa, basta ler o a
crítica da primeira temporada aqui no blog.
1 – The Sopranos (1999 – 2007): Criado por David Chase, este aclamado drama gira em torno do chefão da máfia de New Jersey, Tony Soprano, que após sofrer alguns ataques de pânico se vê obrigado a frequentar uma psiquiatra e lidar com os problemas provenientes da pressão que sofre de suas duas “famílias”.
1 – The Sopranos (1999 – 2007): Criado por David Chase, este aclamado drama gira em torno do chefão da máfia de New Jersey, Tony Soprano, que após sofrer alguns ataques de pânico se vê obrigado a frequentar uma psiquiatra e lidar com os problemas provenientes da pressão que sofre de suas duas “famílias”.
A série sobre a máfia ítalo-americana moderna foi um sucesso
absoluto de público e crítica. Ganhadora de 21 Prêmios Emmy, The Sopranos é
considerada por muitos a melhor série de todos os tempos.
Por: Rennan Gardini
11 de jul. de 2018
OUTSIDER - RESENHA
OUTSIDER
Autor: Stephen King
Editora: Suma
Páginas: 528
Ano: 2018
Sinopse: Um
crime indescritível. Uma investigação inexplicável. Uma das histórias mais
perturbadoras de Stephen King dos últimos tempos. O corpo de um menino de onze
anos é encontrado abandonado no parque de Flint City, brutalmente assassinado.
Testemunhas e impressões digitais apontam o criminoso como uma das figuras mais
conhecidas da cidade — Terry Maitland, treinador da Liga Infantil de beisebol,
professor de inglês, casado e pai de duas filhas. O detetive Ralph Anderson não
hesita em ordenar uma prisão rápida e bastante pública, fazendo com que em
pouco tempo toda a cidade saiba que o Treinador T é o principal suspeito do
crime. Maitland tem um álibi, mas Anderson e o promotor público logo têm
amostras de DNA para corroborar a acusação. O caso parece resolvido. Mas
conforme a investigação se desenrola, a história se transforma em uma
montanha-russa, cheia de tensão e suspense. Terry Maitland parece ser uma boa
pessoa, mas será que isso não passa de uma máscara? A aterrorizante resposta é
o que faz desta uma das histórias mais perturbadoras de Stephen King.
O homem comum não precisa de muito
para se manter feliz. Casa, família, emprego, uma cerveja com os amigos,
assistir seu time favorito, fazer amor, ouvir música, coisas simples e
essenciais, sobretudo para o americano comum que vive em uma cidade pequena.
Mas e se de repente todas as coisas simples fossem substituídas por medo e
incertezas? E se de repente a vida de um homem virasse de cabeça para baixo?
Outsider é o mais recente romance do
escritor americano Stephen King, se tratando de uma mescla de suspense policial
com o bom e velho horror pelo qual o autor é tão conhecido.
Certo dia a pequena Flint City é
tomada por um crime terrível. O assassinato brutal de um menino de onze anos
chamado Frank Peterson. Todas as evidências apontam para Terry Maitland, o
treinador do time infantil de baseball da pequena cidade, e o detetive Ralph
Anderson prontamente efetua a prisão, da maneira mais humilhante possível, na
frente de mais de mil pessoas. Porém, Maitland tem um álibi perfeito e mesmo com
todas as provas, incluindo DNA, digitais e testemunhas o oculares apontando
diretamente para o treinador, o álibi parece inquebrável. Não demora muito para
o mistério ganhar uma proporção absurda e Ralph Anderson começar a se perguntar,
como uma pessoa pode estar em dois lugares ao mesmo tempo?
Outsider demonstra mais uma vez a
grande versatilidade de Stephen King, que é relativamente novo no mundo dos
suspenses policiais. Desde o princípio, o leitor se vê horrorizado pelo crime,
intrigado pelas evidências e pelas dúvidas que vão surgindo quanto ao caso.
Importante frisar que Outsider
entrega Spoilers de Mr. Mercedes e alguns pontos importantes de toda a trilogia
Bill Hodges, então se você ainda não leu, dá tempo de pegar os três livros
antes de partir para Outsider.
Quanto aos personagens, Ralph
Anderson consegue se sustentar como protagonista ao exaltar todas as suas
dúvidas, tanto as que provém do fato de ele nunca ter sido responsável por um
caso tão cruel e estranho, quanto as provenientes das atitudes que ele tomou
acerca da prisão de Terry Maitland. Durante o livro, o leitor pode se encontrar
no mesmos conflitos que Ralph se encontra. King mais uma vez acerta em cheio em
suas descrições, fazendo o leitor sentir ojeriza do crime e dúvidas quanto a
inocência de Terry Maitland, bem como o ceticismo fervoroso de Ralph Anderson,
que lentamente vai caindo por terra. Outra grata surpresa, vinda direto da
Trilogia Bill Hodges, foi a doidinha Holly Gibney e seu carisma absurdo, que
ajuda tanto na construção da história e da sucessão de eventos que levam ao
final, quanto a construção do próprio protagonista do livro. A dinâmica entre
Holly e o detetive Anderson é a melhor parte dessa história.
A Suma de Letras, mais uma vez, fez
um trabalho sensacional com um livro do mestre King. Mantendo a capa e o título
originais do livro, quanto a tradução, foi “rápida e precisa”, como diriam para
Schwarzenegger em Comando Para Matar. A Suma de Letras teve um carinha especial
com essa obra, assim como tem com todas as obras do mestre Stephen King.
Outsider é mais uma obra fundamental
para os fãs do autor e dos gêneros de suspense policial e horror. Até agora foi
a melhor leitura de 2018, e acho difícil isso mudar. Com suas mais de 500
páginas, que são incrivelmente dinâmicas, o livro fica mais instigante a cada
parágrafo. Super Recomendado!
Aconselhamos lerem a Trilogia Bill
Hodges antes! Para evitar os Spoilers.
Por: Rennan Gardini
1 de jul. de 2018
HEREDITÁRIO E O PESO DO LUTO – CRÍTICA
Começo dizendo que Hereditário vai contra as convenções do gênero e procura subverter ao máximo o que se espera de filmes de terror modernos. Não se trata de um filme para reunir os amigos e ir tomar uns sustos em uma sessão as duas da tarde no shopping mais próximo. Se trata acima de tudo de um filme muito bem realizado, que articula muito bem as quebras de expectativa e é um perfeito exemplo de filme de estreia que nos deixa ansiosos para ver mais produções de seu realizador, no caso, Ari Aster. Dito tudo isso, vamos para a sinopse.
Após a morte da reclusa avó, a família Graham
começa a desvendar algumas coisas. Mesmo após a partida da matriarca, ela
permanece como se fosse uma sombra sobre a família, especialmente sobre a
solitária neta adolescente, Charlie, por quem ela sempre manteve uma fascinação
não usual. Com um crescente terror tomando conta da casa, a
família explora lugares mais escuros para escapar do infeliz destino que
herdaram.
Hereditário vai
na onda dos filmes de terror de altíssima qualidade que o cinema vem lançando.
A construção da trama opera de forma descendente, após o falecimento repentino
da avó, a família Graham entra em uma sucessão de eventos que leva ao seu
declínio, e o roteiro e a direção de Aster acertam em demonstrar como o luto e
a solidão operam nos membros da família. Temos o pai (Gabriel Byrne) que é
capaz de tudo para manter a integridade mental da família, a mãe (Toni
Collette) que busca uma maneira de suprimir toda a sua dor de um jeito que não
fique completamente maluca, o filho adolescente (Alex Wolff) que desconta sua
frustração nas coisas da vida e a filha esquisita (a estreante Milly Shapiro)
que mesmo após perder a avó não faz questão de ser menos fechada em seu
mundinho.
A estrutura da
família e de seus membros opera muito mais de uma maneira mundana do que estamos
acostumados a ver no cinema em geral. O casal fechado, os filhos isolados, os
jantares silenciosos e a dor gritante e ainda assim calada.
Se
Hereditário causa estranhamento e muitas vezes se demonstra difícil de
entender, é porque o próprio Aster não faz questão de fazer com que toda a
trama seja clara desde o início. O sentimento que o público tem ao assistir é
incomodo, a cada cena que dura mais do que o espectador espera é possível
sentir isso, ao invés de termos o corte rápido que é comum em filmes do gênero
e funciona quase como um band-aid arrancado rapidamente para a dor ser menor,
temos a permanência do plano, que faz a angústia ser ainda maior e demonstra
como não são necessários os famigerados Jump Scares para fazer o público ficar
completamente aterrorizado.
A
única ressalva é a de que no fim, o filme utiliza de uma explicação
desnecessária para o entendimento completo da trama. Visto que a trama do filme
é cercada de momentos que exigem de um poder de interpretação tardio do público,
esta explicação acaba quebrando o divertido exercício de repassar o filme na
mente para uma total compreensão da trama.
Quanto
ao elenco, Toni Collette brilha com uma interpretação cheia de explosões
emocionais e frases fortes, enquanto Gabriel Byrne entrega uma sutileza que
demonstra o quanto seu personagem está em conflito entre sentir a dor e se
manter inteiro pelo bem da família. Alex Wolff demonstra com perfeição a
confusão de uma pessoa que já está numa fase da vida que consegue compreender as
consequências de seus atos, mas não consegue reagir a elas, e Milly Shapiro
convence bastante como a pré-adolescente outcast que sente falta da avó.
Hereditário
se mostrou mais uma excelente adição à nova safra de filmes de horror que vem
surgindo. E apesar da ressalva, continua sendo um dos melhores filmes do ano e
pode vir com força total na futura temporada de premiações, se não for ofuscado
por outros títulos.
Não tome minha palavra como certa. Basta assistir e sentir.
Obrigatório para os fãs do gênero.
Por:
Rennan Gardini
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