23 de ago. de 2018

BARRY - PRIMEIRA TEMPORADA (CRÍTICA)



Várias comédias já passaram pela TV. Algumas cumprem seus papéis com tanto êxito que duram bastante tempo e se tornam ícones de décadas e gerações, como é o caso de Seinfeld e Friends, e outras acabam esquecidas ou mesmo canceladas. Atualmente, vemos séries de comédia incríveis e com uma linguagem totalmente moderna discutindo temas atuais, como a maravilhosa “Brooklyn Nine Nine” ou mesmo “Atlanta”, que utiliza seu humor para tratar de assuntos de determinado peso social.

Barry se trata de uma série comédia, sim. Mas nada a impede de pesar bastante na profundidade e drama, principalmente do personagem título. Trata-se de um homem que não teve muitas escolhas em sua vida e acabou tornando-se um assassino de aluguel por falta de opções e por muita insistência de um amigo da família. Durante um serviço realizado para a máfia chechena, Barry se depara com aquilo que ele julga ser seu verdadeiro propósito. Tornar-se um ator de teatro!

A HBO traz aqui mais um acerto em oito episódios de trinta minutos cada, e muito desse acerto se dá por um único nome: Bill Hader.
Conhecido de qualquer um que já tenha assistido ao “Saturday Night Live” ou ao filme “Superbad”, de Evan Goldberg e Seth Rogen, Bill Hader aparece aqui como Showrunner, produtor, diretor e ator principal, e é possível ver muitos traços de sua comédia em sátiras feitas a Hollywood e piadas periféricas inteligentes.


A série conta com uma comédia menos escrachada do que de qualquer sit-com que vemos por aí, não apostando em situações completamente inusitadas, mas sim em piadas brilhantemente encaixadas no roteiro, atores e personagens carismáticos e um timing de comédia muito bem fluido. Barry utiliza uma fórmula de programas excelentes como “Monty Python”, mas com uma pequena subversão que faz toda a diferença. Enquanto a série britânica produzia esquetes onde víamos um sujeito comum adentrando um ambiente onde todos eram completamente malucos, aqui vemos um estranho, adentrando um ambiente também estranho.

O roteiro é a chave para a dinâmica da temporada, acertando em cheio em seus momentos cômicos e dramáticos e criando pontes entre pequenos detalhes que vemos no início da série e a importância deles para o desenvolvimento narrativo.

O elenco é um show à parte, começando com o retorno de Henry Winkler às telinhas no papel de Gene Cousineau, o egocêntrico professor de teatro de Barry que é responsável por muitos diálogos engraçados. Sarah Goldberg carrega parte do peso dramático da série, sem perder carisma e o viés cômico de sua personagem. Anthony Carrigan tem a maior liberdade para fazer caras e bocas com seu excêntrico NoHo Hank. E por fim, Bill Hader nos entrega uma performance que equilibra perfeitamente uma comédia mais contida com explosões emocionais dramáticas. Como fã de Stephen King, não vejo escolha melhor para interpretar Richie Tozier na continuação de It (2017).


Barry foi uma grata surpresa que nos demonstra o quanto a HBO acerta em seus projetos, com um elenco carismático, uma comédia afiada e um bom equilíbrio dramático, a série nos mostra que mereceu suas indicações ao Emmy 2018. Podem assistir, diversão garantida.

Diga-se de passagem, o final da temporada é incrível!



Por: Rennan Gardini

8 comentários:

 renata massa