Em 2017 tivemos várias adaptações de obras do mestre Stephen
King, algumas acabaram sendo excelentes, como It – A Coisa, e outras acabaram
sendo uma decepção, como A Torre Negra. No meio de tantas, tivemos 1922,
baseado em um conto de 148 páginas do mesmo nome, presente na coletânea
Escuridão Total Sem Estrelas, o filme foi lançado pela Netflix, assim como
outras adaptações do mestre, como Jogo Perigoso e a série já cancelada O
Nevoeiro.
1922, se passa no ano que dá título à história no estado
americano do Nebraska e conta a história do fazendeiro Wilfred James. Após a
esposa de Wilfred, Arlette, decidir vender as terras herdadas de seu pai para
uma grande companhia, o homem decide persuadir seu próprio filho a ajuda-lo a
matar sua esposa. Mas acaba enfrentando sérias consequências pelos seus atos.
Conto:
Existem pessoas que não gostam de ler contos, por acharem que
o fato de serem curtos prejudica na imersão e desenvolvimento da leitura. 1922
é a prova de que isso não é verdade. Wilfred é um personagem fascinante e à
cada novo acontecimento, nos vemos mais curioso sobre como a história irá
acabar. A escrita de King é bem detalhada e imersiva, apesar de mais lenta. O
conto é narrado em primeira pessoa, como a confissão de Wilfred, mas acaba nos
fazendo sentir cumplices do crime.
Durante a leitura, são levantadas diversas questões. Entramos
na cabeça de um homem simples que se torna um monstro e vemos sua visão sobre a
época e os acontecimentos. À partir de certo ponto nos vemos duvidando se os
acontecimentos contidos nas páginas do conto são sobrenaturais ou apenas
delírios de um homem perdendo a sanidade, e King é esperto o suficiente para
não nos dar a resposta e deixar que tiremos nossas próprias conclusões. Apesar
de essa questão permanecer em aberto, o final é completamente fechado.
Temos aqui um exemplo de que Stephen King consegue ser
brilhante tanto em 1000 páginas quanto em 150 páginas.
Filme:
Quem me conhece sabe o quanto sou fã do autor, e os fãs
sempre tendem a ficar com o pé atrás para as adaptações. Importante dizer que o
filme não mata o conto, ambos merecem ser vistos como obras separadas e
analisados assim também.
O filme é uma adaptação bem fiel do conto, deixando de lado
algumas coisas em prol do ritmo da narrativa, afinal se trata de outra mídia.
Wilfred James em tela é tão fascinante quanto Wilfred James em texto. Isso se
dá por uma ótima atuação de Thomas Jane, que já havia trabalhado em outras
adaptações de obras do mestre. Porém, o restante dos personagens acaba sendo
raso, o que não estraga o longa, mas causa um estranhamento naqueles que podem
ser familiarizados com a obra original.
Os maiores pontos negativos do filme se encontram em seu
primeiro ato. Um tanto apressado e costurado por uma narração muitas vezes
desnecessária, não sentimos tanta força assim na história e a decisão de matar
Arlette parece bem forçada pelo roteiro.
O ritmo do filme acaba se equilibrando a partir do segundo
ato, quando vamos conhecendo mais as motivações de Wilfred e entendendo mais
seu personagem e o amor que ele sente pelas suas terras e pelo seu filho, o que
acaba explicando suas atitudes. Quanto ao final, o roteiro acaba enfraquecendo
o desfecho da história, enquanto no conto permanece a dúvida de que os eventos
que o personagem presencia são sobrenaturais ou apenas alucinações, o filme
decide tomar partido nisso e decide pelo espectador. Essa decisão acaba tirando
a graça do enredo.
Agora se o filme é bom ou ruim.
Vivemos em um tempo de grande extremismo, hoje em dia as pessoas classificam os filmes em péssimo ou excelente, sem meio termo.
1922 é bom, apenas bom. Mas as vezes bom é o suficiente.
Por: Rennan Gardini
Ei, Rennan! Tudo bem?
ResponderExcluirNossa, adorei conhecer seu ponto de vista. Você escreveu super bem e soube colocar os pontos negativos e positivos do filme, e me mostrou um pouco sobre esse conto. Eu não leio muito SK, mas eu gostaria de embarcar mais nesse mestre. Gostei muito do conto e fiquei curiosa com o final. Cheguei a conclusão que lerei o conto e mais pra frente tento dar uma chance ao filme.
Beijos!
http://www.as365coresdouniverso.com.br/
Fiquei bem animada pra assistir! Gosto muito dessas comparações com a obra, acredito que ambas podem ser boas mesmo com pequenas diferenças, grande jamais hahaha.
ResponderExcluirE leio contos sempre que posso, amo a rapidez com que nos conquistam, quando bem escritos valem um livro sim!
osenhordoslivrosblog.wordpress.com
Olá, contos são formas maravilhosas de se contar uma história. Ainda mais quando vêm das mãos de um escritor maravilhoso como Stephen King. Só este conto já valia o livro, mas os outros três também são excelentes. Obrigado pelo comentário!
ExcluirOi Rennan tudo bem?
ResponderExcluirEu gosto de mais dos seus posts e leria esse conto sem problemas. Realmente, quando a gente gosta muito de determinado autor ou livro as adaptações parecerem meio xulas.
Quanto a obra em si me encanta como King aborda de verdade o cerne de cada personagem. Fico feliz da obra ter sido fiel. As vezes bom é suficiente.
Beijos.
Blog: fanficcao.wordpress.com
Ola, Jéssica. Fico muito feliz que goste dos meus posts. King nunca decepciona quando o assunto e desenvolvimento de personagens. Espero que você goste do conto como eu gostei. Abraços!
ResponderExcluirOlá, tudo bom?
ResponderExcluirGostei muito da sua resenha, e sinceridade. As vezes bom é uma nota ótima, mas as pessoas só querem assistir filmes "excelente" hehehe.
Desde que a netflix lançou esse filme, quero muito ler o conto (já que quero assistir o filme). Gostei de saber um pouco mais da história...
Contos apesar de curtos, muitas vezes são bem trabalhados (apesar que 1922 é uma novela HAHAH) mesmo tendo suas 30/50 páginas.
Beijos, Ally.
Amor Literário
Oi Rennan,
ResponderExcluirAcho engraçado quando as pessoas falam em não ler um conto porque não há imersão, não sabem elas o quanto elas estão enganadas, deveriam ler Poe, Lovecraft , King e muitos autores que apresentam uma narrativa impecável e muito bem construída.
Eu vi esse filme e também achei apenas bom, não li essa do King, mas futuramente pretendo ler mesmo que a história do filme não tenha me cativado. Um que amei e que já me falaram que é diferente do livro é "Jogo Perigoso" também disponível na Netflix e me avisaram que se eu amei o filme vou simplesmente adorar o livro (não duvido) <3
Adorei saber sua opinião, talvez quando ler a história ela me conquiste mais, até porque a narrativa do King é espetacular :)
Bjokas da Elo!
http://cronicasdeeloise.blogspot.com.br/