3 de dez. de 2017

O JUSTICEIRO – CRÍTICA


Adianto logo uma dica. O Justiceiro é uma série melhor para se ver aos poucos e não em maratona.

Tornou-se comum nas séries Marvel/Netflix se utilizar do recurso “herói” para abordar temas essencialmente humanos. Em Luke Cage, por exemplo, a abordagem da série se volta para o racismo, por se tratar de um personagem negro do Harlem. E em Jessica Jones a abordagem é voltada aos abusos e à depreciação da figura feminina.

Em O Justiceiro também foi utilizada uma abordagem humana, vemos muito pouco do anti-herói e bem mais do homem Frank Castle. A série é de longe a mais pesada de todas as séries da parceria Marvel/Netflix, porém seu peso não está apenas na violência ou nas cenas agressivas que sabíamos que a série teria. O maior peso da série, na verdade, está na angústia sentida constantemente por alguns personagens, principalmente por Frank. Essa angústia foi muito bem passada aos espectadores, você se sente mais “pesado” ao assistir.


A série sofre do mesmo problema das outras produções, o ritmo. Enquanto vemos O Justiceiro, assim como em Demolidor sentimos que a trama poderia ter alguns episódios a menos e que as histórias e personagens paralelos, apesar de serem interessantes e terem um nível de importância para a história em geral, acabam se arrastando um pouco e tomando mais tempo de tela do que deveriam.

A temporada começa com um Frank Castle “aposentado”, tentando manter a discrição após os acontecimentos em Demolidor. Frank lida mais do que nunca com o peso do assassinato de sua família e se mostra cada vez mais inquieto, até que acontecimentos inesperados o fazem voltar à ativa e ele se vê no meio de uma conspiração militar.

Seguindo a linha das outras séries, os temas abordados em O Justiceiro são os traumas pessoais e a maneira que a guerra afeta uma pessoa. Algo que pode incomodar algumas pessoas é o fato de que O Justiceiro, com caveira no peito e armado até os dentes, aparece pouco, a série não se segura no “mito” do anti-herói e busca mostrar muito o lado mais humano no personagem Frank Castle, o que acaba sendo uma das maiores virtudes da trama, apesar de não agradar a todos.

A violência presente na série está longe de ser banal. Sua presença na trama está associada à sua presença na vida de Frank, como a violência o persegue e como ele abraçou esta violência como parte de sí mesmo. A atuação de Jon Bernthal é excelente, seu Frank Castle vive a dor e amargura constantemente e quando acontece um raro momento de alívio, o passado o puxa de volta para a dor, Bernthal consegue transitar pelos sentimentos muito bem.


As tramas e personagens paralelos são muito associadas ao próprio Frank. Temos a família de Micro (Ebon Moss-Bachran, que está muito bem, por sinal) que serve para lembrar Frank que o que ele perdeu não vai voltar; Curtis Hoyle (Jason R. Moore), com o falso otimismo de alguém com profundos traumas; a trama de Lewis Walcott, a mais interessante de todas; Karen Page, que justifica sua presença ajudando a amarrar as tramas paralelas com a história do protagonista; Billy Russo (interpretado por um canastrão Ben Barnes) e seus mercenários e o arco da policial Dinah Madani (Amber Rose Revah), que apesar de necessário, acaba não acrescentando tanto e sendo o mais monótono de todos os arcos da história, além da personagem não ser tão interessante.


A série se difere das outras por tomar um rumo mais realista e verossímil. Castle é um homem. Ele não tem super-poderes e nem dinheiro. Castle apanha, e apanha muito durante os 13 episódios, sua grande virtude é sempre se levantar, não importa o quanto suas ações o castiguem. Apesar de tudo isso, ainda se trata de uma série de herói (ou anti-herói, no caso). Castle sempre acaba escapando, é salvo e se cura mais rápido que alguém normal, mas nada disso afeta a história, serve apenas para nos lembrar que não estamos vendo um documentário e que nesse universo ainda existem super-heróis, apesar da atmosfera da série ser muito à parte desse universo.

O Justiceiro tem seus erros, de ritmo e tramas secundárias. Mas, tudo se justifica nos episódios finais, quando todas as histórias se encaixam. Vale citar também um dos primeiros episódios, que faz referência à Born de Garth Ennis, que é considerada a origem definitiva do personagem nos quadrinhos.


Apesar dos problemas da série, ela é uma das melhores (talvez a melhor) produções Marvel/Netflix e consegue alcançar sua autenticidade. Seu peso ajuda na construção de uma história emocional e essencialmente humana, sem fugir da própria essência desse personagem complexo que vimos em várias HQs das linhas War Journal e Marvel Max.


Apenas assistam, vale à pena.



Por: Rennan Gardini

12 comentários:

  1. Ótima análise ;)...
    Melhor série da marvel/ netflix

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  2. Oii Rennan.
    Ainda estou chorando por não ter netfix. Eu gosto muito de series que envolvam o lado humano dos personagens e por isso queria tanto ver essa serie. Fico feliz em ver as falhas justificadas.
    Beijos.

    Fantástica Ficção

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  3. Ei! Tudo bem?

    Eu quero muito assistir a serie, só leio comentários positivos. Estou amando saber que eles foram a fundo nesse lado mais humano e bem menos anti-herói, dá um diferenciado na serie e me empolga bem mais para assistir. Sua crítica está incrível, gostei muito de ler sua análise, parabéns!

    Beijos!
    http://www.as365coresdouniverso.com.br/

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  4. Hey, tudo bem?

    Eu não gosto muito de séries, mas a Marvel é o meu amor! Ouço só coisas boas sobre esse série.
    Ótima resenha!

    Beijos
    Mari Barros
    Blog Diversamente

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  5. Oii, gosto muito quando as séries e filmes abordam os heróis de uma forma mais humana, nos permite ver que todos estão dispostos a cometerem erros, foi ótimo saber que mesmo com todas as falhas, no final todos os pontos são interligados, e que a produção é boa e o personagem bem construido. Nãõ sou fã do Universo Marvel , mais sem dúvidas adorei a dica!
    beijos

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  6. Ahhh, fiquei curiosa. Eu tenho um pouco de problema com séries que demoram pra se desenrolar e que não deixa claro desde o início qual é seu objetivo.
    Eu comecei o Demolidor e não consegui continuar. Estou procurando mais séries para assistir, vou por essa na lista... Obrigada pela indicação.

    Beijos
    Anne
    Literatura Estrangeira

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  7. Olá, tudo bom?
    Não vejo muitas séries da Marvel, porém gostei muito de saber que elas trazem assuntos da vida real.
    Sua resenha está muito boa.

    Beijos, Ally.
    Amor Literário

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  8. Oiie
    Eu sempre gostei do Justiceiro, desde que vi os filmes quando era criança. Com a série, me apaixonei ainda mais. Achei muitoo melhor que os filmes, captou mais a angústia e o sofrimento do personagem por ter perdido a família, além da violência que ele não esconde na hora de matar. Eu adorei sua crítica, adoro posts assim. Por causa da série, comecei a ler os quadrinhos dele e tô adorando também. Lindo post.
    Bjos, Bya! 💋

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  9. Ouvi dizer que é bem sanguinária as cenas.
    Mas acho que a veracidade ajuda a deixar a série tão boa.
    Nos quadrinhos não somos polpados de ilustrações crueis não é mesmo?!
    Achei a dica muito boa!

    osenhordoslivrosblog.wordpress.com

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  10. Olá, apesar de ser maravilhosa, ainda é mais a praia do meu marido que minha, eu sempre acabo lendo e esqueço de acompanhar séries, vou ver se ele já assistiu. Senão vou aproveitar a dica.Eu amei essa história, pra mim de todas as que li foi uma das melhores e me deixou com muita vontade de ler o próximo livro. ♥ Elisabete Blog Pretenses

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  11. Ainda não assisti esse filme :/

    http://submersa-em-palavras.blogspot.com.br/

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  12. Ola, eu não tenho vontade de assistir a essa serie não por mais que eu goste muito dos filmes da marvel não consigo assistir as series. Eu passo essa dica

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 renata massa